quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O guru psicodélico!




A conexão aconteceu por completo.
As pessoas tomavam as letras que eu escrevia como uma tábua de salvação. Eu rio, não posso fazer muito além disso. Elas me colocaram nesse patamar. Eu não tive culpa alguma. Juro. Fui içado às alturas pela veneração.
Bem no começo eu e mais três amigos decidimos formar uma banda de rock´n roll, coisa comum e em voga naqueles conturbados anos. Ok. Rodamos por bares noturnos e pequenos festivais. A partir das apresentações na Caverna toda essa coisa tomou uma proporção que saiu do controle. Histeria coletiva. Éramos os "Os quatro fantásticos" com um hit após os outro.Lançamos um álbum que até hoje é venerado como um dos mais influentes da história, apesar de não termos pretensão nenhuma, mensagem nenhuma, até por que estávamos em outra galáxia na época, viajando em LSD. Foram ótimos anos,não nego de maneira alguma. A partir dali minha imagem começou a se consolidar como o arauto da revolução, movimento esse que logo confirmou não resistir ao primeiro vento forte.
Resolvemos nos separar. Não havia como subir mais. Estávamos onde nenhum outro artista havia chegado. Então hora de reciclar, buscar a individualidade, o choque dos egos em busca do verdadeiro fio condutor e causador de tamanho sucesso. Dizem que foi minha mulher a causa da desagregação. Não. Ela apenas sabia o que eu estava tramando.
Eu projetei ser o guru da contracultura, retroceder e fazer o caminho inverso que segui com a banda. Me voltar a um intimismo fajuto e passar minha mensagem. Qual mensagem? Não sei. Absolutamente não sei. Embora tenha militado contra a guerra, pela paz, pelo respeito ao planeta, fiz isso por falta de foco. Talvez se aquele lunático com o livro embaixo do braço tivesse me dado mais tempo, eu teria descoberto. Mas acreditem, minhas imagens estampadas em camisetas são de acordo com o que vocês queriam. Tudo que escrevi e compus são só sonoridade, jogos de ecos trabalhados para soarem agradáveis, só isso.

23 comentários:

Anônimo disse...

Terreno perigoso... sinal vermelho ligado!

Camila A. disse...

Então, talvez ele tenha errado de qualquer forma, ceder a convenções por dinheiro. Que não culpe os das camisetas, ele procurou por isso, de coração, acho um revolunionário meio meia bomba, rs

Moderação LDB disse...

um revolucionario que tentou de todas as formas, ate meio que erradas em alguns casos

Michael disse...

apesar de gostar de muita coisa que o lennon escreveu acho que muito material foi só pela grana mesmo...não foi por uma causa/ideologia em si.

Anônimo disse...

Eu entendo bem o que tu queres dizer Fabio. Mas me questiono sobre até que ponto um pop star precisa passar uma mensagem. Sei que Lenon, até por uma boa dose de ingenuidade, fez questão de vender essa imagem , mas o fato é que fomos nós que a compramos... É uma questão muito complexa, será que é o "idolo" que cria a sua imagem, ou são os fãs,que interpretando as coisas como querem, constroem a imagem de um ídolo? Eu realmente não tenho uma resposta para isso. O fato é que Lenon foi um forte ativista contra a guerra no Vietnã, talvez, justamente, por não saber qual outra bandeira erguer, o que era muito comum nos dias estranhos da década de 60. Dia desses assisti ao documentário "Os Estados Unidos contra Lenon", acho que tu já deve ter assistido, mas recomendo aos inúmeras pessoas que visitam o blog.
Mas a pergunta que me persegue é justamente essa: será que Lenon precisava ter erguido alguma bandeira para tornar-se famoso e idolatrado? Acho que não. Lenon tinha uma personalidade forte, e acho que isso foi fundamental em seu engajamento. Não creio que seja jogada de marketing, ou coisa do gênero. É claro que quando vejo o vídeo em que ele canta "Give chance a peace", em cima da cama com a Yoko, sinto uma baita ingenuidade no negócio... Mas isso não tira a verdade que existiu ali.

Mas no mais, um belo texto! Provavelmente irão surgir muitas discussões sobre o tema, espero ter contribuído um pouquinho.
O texto foi muito bem escrito e abordando um tema prá lá de polêmico.
Belo trabalho!
Fraterno abraço!

Daniel Silva disse...

29 anos sem John Lennon.. e é tudo culpa da Yoko Ono.. se os Beatles não tivessem acabado o Mark David Chapman não teria matado o cara. hehehe

abraço

Fabio T. disse...

E aí Fabio? Ow, curti o blog.
Só umas dicas...
A música é legal, mas me assustou um pouco por causa do volume.
Também acho que o template do seu blog tá muito simples, se você usasse mais cores ou bordas, ficaria mais agradável visualmente.
fora isso, tá de parabéns!

Abraço!

Pobre esponja disse...

Lennon era um gênio, um grande rebelde; ele falava mal de Deus e o mundo, como todo gênio o deve fazer. As pessoas ficam com a imagem de "Imagine", acham que ele saia arrotando anjos e peidando fadas. Recomendo-as o livro em que está postada toda sua entrevista para a Rolling Stone. Quanta acidez e genialidade! A Yoko é 10, tem um trabalho genial também.

abç
Pobre Esponja

Aspone disse...

Gostei do seu blog!!

Passa uma tranquilidade pra quem lê, mto bom!!

Passa lá fazer uma visitinha
www.teuculazarento.blogspot.com

WebAr disse...

Belo texto
Fazer o sentido inverso do sucesso até ser oculto deve difícil..

Diário de um Civil disse...

Lennon foi um gênio sem dúvida,não sei se bem revolucinário,este texto com esta música me trouxe saudades...

Unknown disse...

Lennon foi gênio e depois dele não surgiu ninguém que viesse suprir tudo que ele já tinha feito e faz tanta falta hoje!

Nina disse...

não sei se foi coincidência ou não, mas ler o texto escutando imagine foi incrivel.

Anônimo disse...

sinal vermelho/ blog dodeira!!

Pedro Prado disse...

Heey...
John é um ótimo cantor !!
Adorei o blog e esse texto , primeira vez que vi!!

Antônio Marlos disse...

Primeira que vez que eu tô vendo esse blog e gostei muito do que vi!
Muito interessante a postagem. Mas o mais é o que ela tentou me passar. Lennon foi um grande gênio. O primeiro de todos, do ramo da música, na minha opinião.
;B

Pulga disse...

Fazer o sentido inverso do sucesso até ser oculto deve difícil.. [2].

Bem, não posso falar muita coisa do John. O cara tem uma música fodaçaralha que é Imagine - que começou a tocar quando abri teu blog - que resume TODO o teu post.

Fez passeatas e tudo mais...Mas morreu. E a humanidade pelo visto, não está dando certo.

É isso.

http://moviment0.wordpress.com/

*** I.C *** ** The One ** disse...

O Lennon é um artista incomparável... Conseguiu e Consegue influenciar muitos, com seus pedidos de paz, enfim... A pena é que ele seguiu alguns caminhos errados, atitudes que não eram necessárias e que acabou se indo por uma fatalidade do Destino... Mas o John é o John e sempre vai está em nossos corações

Ana C. Nonato disse...

Nunca fui muito fã do Lennon, porém acho que ele poderia começar a ir pelo caminho "certo", por assim dizer. Pena que o destino não deu a segunda chance...
Muito bom seu blog!

roberyk disse...

Adoro cruzar sinais vermelhos. Me lembram o quanto estou vivo.
Não considero Lennon um gênio. O cara, junto com os outros, fez muita coisa boa sim, sem questionamentos. Mas outros tantos também fizeram muita coisa boa. O texto do Fabio, em si, vem de encontro a um velho pensamento meu sobre autores. Por vezes, a intenção é apenas fazer uma coisinha que agrade, tanto os olhos quanto os ouvidos. No ramo da música, começa-se fazendo coisas para agradar a si próprio (todo autor é egoísta, escreve para si). Agradou o público? Ótimo, melhor que a encomenda.
Por outro lado, analisando a história, conclui-se que a humanidade sempre precisou de divindades, de heróis. Quem sabe se Lennon ainda vivesse, não teria dito exatamente o que o Fabio escreveu?
Parabéns. Foi formidável, atrevido, polêmico.
É preciso coragem para expor um ponto de vista, quebrar conceitos, mostrar que existe outra possibilidade.
Esse é meu velho amigo Fabio, o velho Urso Pardo.

Débora Cattani disse...

Faz algum tempo que tenho vontade de estudar, conhecer melhor a história e a carreira dos Beatles...ainda não tive tempo ou me dispus a fazer isso...mas eu acredito que a humanidade precisa de herois...eles são essenciais numa sociedade que precisa da fantasia pra aguentar o tranco de um mundo globalizado e tão dinâmico, onde o novo de ontem é o ultrapassado de hoje.
É óbvio que brotam, diariamente, "herois" fabricados para agradar a mídia,mais falsos que uma nota de 9 reais, mas, ainda assim...se Lennon sobreviveu até hoje...transformou-se ou foi transformado em imortal...que cada um procure dentro de si, aquele instinto que te faz, ou não, gostar de determinada personalidade...
No meu entender, ele ajudou a mjarcar uma parte importante da historia...de forma que o bordão "paz e amor" embala, até hoje, os nossos sonhos...

Mcssias disse...

Cara vc escreve muito bem. Pretendo ser jornalista e adorei a idéia do seu livro. Assim que terminar a obra, entre em contato comigo, por favor.

Retribuindo a visita ao meu blog (http://loucosporvirtude.blogspot.com/)e agradecendo-a.

Boas festas, fica com Deus e aquele abraço.

Camila R disse...

Muito bom o blog todo, adorei!