quinta-feira, 18 de junho de 2009

O Xis do Saul!!



Reza a lenda que o xis do Saul ressuscitou até um morto. Não é mentira,aconteceu lá pela metade dos oitenta. Mas antes para quem não sabe (quem não é daqui ou é muito jovem,inclusive a esses recomendo que interpelem seus pais a respeito) o Saul é uma figura mítica no ramo dos lanches aqui na cidade dos anjos. Muita gente, jovens empreendedores no ramo do fast-food buscam informações junto à quem já comeu um xis feito pelo próprio Saul, mas sempre com insucesso. A resposta é sempre a mesma. "Não sei o que o Saul coloca naquele xis". A fórmula ele não passa para ninguém. Nem os funcionários que teve não tiveram acesso a ela.
Usado quase que homeopaticante, o dito xis era muito consumido após uma noite de esbórnia etílica, onde as propriedades revigorantes de tal iguaria fazia o sofrido fígado sentir um alento e produzia um verdadeiro engarrafamento de carros ali na baixada da Marquês, naquele horário onde tudo é fácil, o bêbado é chato e o garçon demora. No caso de quem planejava dormir até o anoitecer, sem almoço a solução era o folclórico xis cinco estrelas. "Esse ninguém consegue comer sozinho!". Vinha com tudo que um cristão pecador ou um ateu que começava acreditar em Deus precisava para dormir um verdadeiro sono dos justos, sem a interrupção para se alimentar.
Mas voltando ao caso do morto. Conta-se que o enfermo vinha de uma semana "vou não vou" no hospital, problemas crônicos do trato digestivo e intestinal, coisa séria e já comunicada aos parentes. Dois dias havia inconsciente. Um dos filhos,o mais novo e inexperiente para situações hospitalares a cochilar aos pés da cama do enfermo, quando ouve a voz roufenha do pai- "...fome,fome...", entre o estágio intermediário entre o cochilo e o sono profundo, o rapaz consegue sair daquela modorra de quem há horas se aplastava em uma estreita poltrona e se surpreende com o pai, os olhos muito vivos a suplicar algo para comer. A alegria de ver o genitor reagindo o fez sair resvalante corredor afora para encontrar algum enfermeiro para conseguir algum alimento. Para o azar do rapaz, haviam dado entrada no hospital vítimas de um acidente em estado grave e todo o corpo de enfermagem havia sido deslocado para emergência, exceto a enfermeira mais antiga que fazia um curativo complicado em um idoso senhor. Pediu para o rapaz esperar cerca de meia hora,para ela atender outro interno. Receoso com a reação do esquentado pai,o rapaz foi até um orelhão em frente ao hospital e ligou para para o cachorrão do Saul(termo muito usado à época)já para agilizar o processo.Que viesse com tudo que o ex-morimbundo tinha direito-carne,salada,bacon,calabresa,frango e se desse até um atunzinho, pois o velho muito apreciava. Que se apressasse que era caso de fome de dias (estava a base de soro). Contratou um táxi e minutos depois chegava à lancheria. Haviam passado seu pedido a frente dado as circuntâncias.Pagou e encarou a subida da Marquês a pé com a valiosa mercadoria,que parecia pesar coisa de quilo e meio,mais ou menos.
Lá pelas sete e meia da manhâ começaram a chegar os irmãos,a mãe e alguns vizinhos e se surpreenderam com a aparência do doente.As faces rosadas,o cabelo bem penteado e viçoso,sentado na cama com um grande travesseiro nas costas lendo as novas no jornal.
Guardando segredo do acontecido o filho mais novo então pegou fama e virou o acompanhante oficial dos doentes da família...

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