sábado, 13 de junho de 2009

Os Olhos da Cidade São Meus!



Querido li um absurdo que não entendi direito no jornal? Depende o jornal,qual foi? O nosso ou o outro? Não lembro, mas acho que era uma ironia.Dizia que éramos a cidade mais promissora dos últimos quarenta anos,e que com nossas duas ou três indústrias e o comércio centralizado o céu é o limite(!!!). Não gaste muito seus neurônios amor,isso é coisa desse jornaleco raivoso e ressentido. É mesmo,tenho mais coisa para fazer. Amor,hoje o pessoal organizador do prêmio Empresa Top,ligou e avisou que tem uma taxinha de manutenção, para organizar ou algo assim,disseram que só a publicidade de aparecer na mídia com o prêmio em punho faz esse pequenino investimento se pagar por si... Tudo bem,ok,quando ligarem de novo pede para passarem lé na firma. Falando nisso vamos convidar o senhor sobrenome famoso para a nossa festa? Não sei,ele está com o nome e alto baixo naquele edital de leilões,tá falidão.Mas querido, o sobrenome dele vai dar um up na nossa festa, para nós que somos emergentes é importante nos aliarmos a gente assim, já que eles tem o conhecimento.Conhecimento de que? De tudo querido,desde como se vestir, como se portar,ah,também sabem os podres dos outros e isso é importante saber pois quando alguém quiser pisar na gente a gente joga o cocô deles no ventilador. Nossa,vida! Ainda bem que sou teu amigo,só que tem o seguinte, o cara já está tomando liberdades de pegar e anotar lá na firma, sei não! Ah,mas ele paga quando se recuperar e pega só uma quinquilharia mesmo, e é nosso amigo($)! Tava esquecendo, o sindicato ligou nos pedindo uma força para a campanha da caridade, afinal temos de retribuir um pouco do que estamos ganhando, né, além disso não quero ficar de fora do chá beneficiente à fantasia, como vai ficar minha cara se não fizer uma doaçãozinha? Tens razão,baby.E o concurso da filhinha quando é? Daqui a quinze dias, mas fica tranquilo,já está tudo acertado, o colunista já falou com os jurados,mas vai ter que sair um agradinho para eles, mas um título de princesa infantil é um título de princesa infantil,não é? Amor,vamos trocar de assunto, desse jeito em vez de empresário,vou me canditar a algum cargo público para ver se dou conta de tantos encargos,afe! Não fica chateado benhê,temos que pensar grande, acompanhar o crescimento de nossos amigos e da cidade(!). Não viu o carrão da Teca e do Beto? Será que no final do ano não poderíamos trocar o nosso? Covardia,amor,aí tu me pegaste pelo ponto fraco,vou pensar,aliás dia desses o Beto aventou a possibilidade de nos encaixar na diretoria da Feira,já pensou a gente organizando e dando entrevista sobre a organização do baile?Que sonho querido,que sonho!Querido,tu sabes que a Lininha comentou comigo que Paris é lin...Querido volta aqui,vooollta...

Um comentário:

Eduardo Matzembacher Frizzo disse...

Toda dominação implica em genocídio. Entretanto, nem todo genocídio implica em morte. Quando os ingleses tencionaram acabar com a cultura aborígene da Austrália, tiraram as crianças de cinco anos dos seus pais com o intuito de acabar com a sua linguagem. Acabando com a sua linguagem, acabariam com a sua cultura. Portanto, acabariam com um povo. Neste sentido, quando nos damos por conta de que vivemos em um sumidouro hipócrita que mais propala discursos politicamente corretos do que perfaz ações que realmente tenham alguma eficácia, surge a revolta. Entretanto, por vezes estamos tão envoltos na própria estrutura social que nos agasalha que somos obrigados, por conta da estrutura, a tecer articulaçõe políticas para conseguirmos alguma coisa aqui e alguma coisa ali. Logo, o que acontece é que existe um sistema que nos transcende apontando conveniências sociais e hipócritas como meras peças do cotidiano. Para mudar essa lógica, é preciso uma mudança moral, a qual implica em uma mudança da consciência individual. Contudo, como mudar a consciência individual se de certo modo necessitamos do próprio sistema e de algumas concessões da nossa parte para com ele para sobrevivermos? Por isso acredito que os livros, ainda que tão pouco lidos nesses tempos de Augusto Cury e besteiras do gênero, constituem o mais próximo que podemos ter do coquetel molotov. E se eles não adiantarem, que partamos então para o próprio coquetel. Somente assim algo mudará e concessões que hoje fazemos no futuro não serão necessárias. Somente assim a palavra "liberdade" voltará a ter algum significado para além do circuito mercadológico. Somente assim seremos, pois do contrário apenas pareceremos - e morreremos frustrados com um bando de filhos ou amigos para gastar nosso legado de nada no qual gastamos e trucidamos todo nosso tempo. Bela alegoria, Fábio.