terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O grande olho!




Escondido atrás de indeléveis e antigos pragmatismos,nas sombras eu observava. Não por ânsia ou desejo, apenas por ser inerente a mim.
Quem eram ou suas intenções, pouco me importava. Menos mal que minha presença era propositalmente ignorada. Eu era como um velho vaso que fazia parte daquele contexto há muito tempo. Apenas estava, imparcial e esquivo.
A verdade é que eu fora absorvido por toda aquela engrenagem e acabei gostando disso, mesmo não interferindo em nada. Quebraria as regras se fizesse isso, além da coisa perder toda sua graça. O deslumbramento inicial com a fauna humana, toda sua inaptidão pela convivência consentida me deliciava.
O gosto pelo caos institucionalizado por vezes me fazia sentar no banco dos réus, condenado antes do veredito de um juiz previsível, mas sempre havia a possibilidade de um acordo.
É absoluto que estou em posição confortável e seria hipócrita se afirmasse o contrário.Muito tempo transcorreu desde a descoberta que gostam desse joguinho. São péssimos atores, mas sempre gostei de filmes B. Da minha mesa junto a vidraça, a fumaça que evapora da minha xícara de café é uma protetora e transparente cortina. Orwell simpatizaria comigo.

18 comentários:

Fernanda Alves disse...

Seu modo de escrever é bem visivel pelos textos (acredite, eu li os outros). Eles carregam uma "marca". Achei a foto meio instigante. Um grande olho... um olho q tudo vê?

Fabrício Bezerra disse...

Eu não sei se esse é o significado do seu texto,mas eu acho que ele expressa que você não importa com a opnião dos outros.E dá pra ver que você é uma pessoa muito esperta por que tem algumas referencias que poucos entendem

Cássio disse...

Referência ao big brother de Orwell?
Não só Orwell simpatizaria com vc, eu tb simpatizei!
beijos

Atrevido disse...

Muito bem escrito. Parabéns. Sucesso.

Unknown disse...

The Big Brother! Muito massa!
Parabens!

Anônimo disse...

Hora de jogar o café na parede, honey. Não há aderência em roteiros que teimam. Orson Welles também concordaria comigo.

Antônio disse...

É uma contextualização que, de início, intriga, e muito. Eu, particularmente, tive que reler para saber ao certo do que se tratava. Álém do mais, você fez questão de incluir referências que, como o comentário de cima relatou, poucos entenderiam. Olha, como um todo, parabéns ! Sua forma de escrita, realmente, é muito boa, e nos impulsiona ou nos desafia ao clímax do entendimento. Parabéns mesmo!
Valew pelo comentário em Antonizado, e cá estou com a retribuição. Valew !
Parceria ?
ricardotoni@hotmail.com

Neuro-Musical disse...

Sinceramente, não consegui entender, mas notei uma unificação em todos os seus textos. Eu li alguns mais antigos e a maneira que você escreve é única!

http://cerebro-musical.blogspot.com

Procura-se um cérebro ROCKEIRO...! Em busca de parceiros...

Unknown disse...

O objetivo do texto fica meio oculto... Mas você escreve bem...
Abraços
www.borarir.com

Unknown disse...

Gostei muito, achei que vc escreve os textos de um jeito unico. Sucesso no Blog!

Superlativo disse...

Olá Fábio! Vim agrdecer seu comentário em meu blog e prestigiar o seu, quem medera fosse tão direto em meus textos (o que permitiria contos não tão extensos) mas sei lá...

Engraçado que no meu mp3 estava ouvindo, hj msm, "Son Of A Preacher Man", sabe aquela versão do Pulp Fiction? Demais.

Abraço!

http://blogsuperlativo.blogspot.com/

Niemi disse...

Li o texto e um coments citando 1984, mas, eu acho que esse texto ficou muito mais com cara de "O Processo" de Franz Kafka.

:D de qualquer maneira o texto está excelente, as vezes um tanto denso...

Algum excesso nas palavras, mas pode ser a necessidade da atmosfera que o texto pedia.

Sequelanet disse...

Sim, isso é referência do big brother (grande irmão) de George Orwell. Curti. Sem falar da era em que vivemos: privacidade zero.

Vini e Carol disse...

Às vezes quebrar as regras é algo inevitável.
Pode ser prazeroso e ao mesmo tempo catastrófico, depende da ocasião.
Ótimo texto.
Abraço.

roberyk disse...

Mais uma vez você deixou um enigma no ar, a profissão do protagonista. Daria um belo carcereiro.

Eduardo Matzembacher Frizzo disse...

Fábio: francamente, sua escrita está melhorando dia após dia. E você bem sabe que eu sou franco no que condiz com literatura. Gostei do tom desse seu texto e do modo como as verdades se escondem por detrás da fumaça do seu café à Orwell. Fato é que o "Grande Olho", quanto mais em plagas missioneiras, encontra-se em um sistema social falido, onde uns poucos mandam em tudo do Trevo à Fenamilho, valendo-se do restante do povo unicamente para afiar seus caninos feitos de cifrões políticos e canalhas, humilhando cidadãos com salários de fome unicamente para que eles se tornem alcoólatras e drogados, como falei na minha coluna na Tribuna de ontem (quinta-feira). E quem percebe isso tem que divulgar isso, seja da forma que for. Nós, como pessoas das letras, não temos dever com nada a não ser com a arte. Porém, como cidadãos, precisamos de uma consciência límpida e inteligente da realidade que nos circunda. Do contrário, escreveremos o que os outros querem ler e então venderemos milhões de livros idiotas que, ao menos para mim, detém efeito pior que o crack na mente desses incautos. No mais mas com muito, era isso. Um grande abraço, Eduardo Matzembacher Frizzo (do blog http://insufilme.blogspot.com/).

Anônimo disse...

Baita texto Fábio! Ácido! Muito bem escrito!

Sarapatel psicodélico

Allan Azevedo disse...

ótimo texto heim...
parabeens...
abraços

www.blogosintocaves.blospot.com