sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Soldados do ódio!



Seu reinado se consolidou pela força do ódio.
Iniciou como mero soldado da causa. Tarefas simples a princípio. Acompanhar as moças nos passeios pelos bairros de grande movimentação e atrair jovens que por ali perambulavam. Elas geralmente com suas roupas de couro pretas com reluzentes tachinhas, a maquiagem pesada, piercings e uma conversa a princípio agradável que em nada denunciava seus verdadeiros intuítos.
Ficou dois anos nessa função. Pouco falando e representando o papel de irmão nerd. As moças eram regularmente trocadas para não ficarem "manjadas" na área. Passou a ser um detalhista observador e notou a falta de comprometimento de muitos militantes, que pareciam mais interessados nas orgias promovidas em grandes galpões abandonados na orla da cidade.
Muitos o estranhavam. Não bebia, não fumava e não ficava com as vagabundas.
Resolveu pedir a seu sargento interceder em seu favor junto ao comandante geral. Queria uma chance de ir para a frente de combate. Havia de mostrar seu valor. Seis meses foi cozinhado em banho-maria até ser designado junto a mais cinco soldados para o ataque a rapazes que estavam buscando seus carros no estacionamento de uma boate gay.
Nessa espécie de batismo ele teve noção da sua verdadeira natureza. Ele era um predador, uma besta que desconhecia a piedade. Chegou a assustar os próprios parceiros com a insandecido ataque contra os indefesos rapazes. Com o soco inglês desfigurou o rosto de dois deles, um terceiro teve várias costelas quebradas a pontapés.
O comandante ficou feliz. Seu primeiro ajudante vinha dando sinais de estar pouco engajado, mais preocupado com as mulheres que comandar os soldados, e nenhum de seus sargentos mostrara o perfil que procurava. Achou o substituto. Observou-o durante um ano. Calado, discreto e letalmente eficiente, talvez um pouco exagerado em suas investidas. Chamou-o para uma discreta conversa e o incumbiu de organizar a própria sucessão. Uma fajuta missão em um balneário deserto foi a última missão do antigo capitão que não foi mais visto.
A partir daí verdadeiras blitzkriegs eram comuns nas madrugadas, colorindo com o rubro sangue de gays, nordestinos e negros as calçadas e o asfalto da capital.
Sua fúria se tornou lendária. Temido até pelos poderosos traficantes de drogas, que evitavam ao máximo conflitos por território. Se tornou o capitão mais sedento por destruição desde que o movimento se organizou dez anos antes, a partir de um tímido estudante de paisagismo.
Dois anos de terror se seguiram. Massacres,estudantes confundidos com as minorias perseguidas seguidamente caiam em suas mãos. Ele precisava limpar a cidade daquelas "raças inferiores". Nisso já havia lido o Mein Kampf, sua bíblia. Já discordava de seu general, achando-o muito estratégico. A causa precisava de ações mais incisivas, chamando a atenção da mídia e insuflando o medo na população. Sem o conhecimento do chefe arregimentou um grupo diretamente fiel a ele e que evitavam maiores contatos com o general. Ações secretas eram efetuadas.
Sua ascensão ao posto maior foi algo até certo ponto normal visto da imposição do horror ao restante do grupo. Tivera que cortar na própria carne. Muitos soldados que não conseguiu subjugar foram eliminados. Sua imposição brutal teve seu momento máximo quando convocou uma secreta reunião com os sargentos responsáveis por vários setores na cidade. Todos já previamente coagidos, claro.
A deposição do chefe maior e sua elevação ao posto foi aprovada pela grande maioria, receosa de retaliações. Acompanhado de dois enormes e ferozes soldados foi pessoalmente levar a notícia ao ex comandante, que nada pode fazer a não ser se resignar. Lhe foi dado uma chance de viver. Não poderia amanhecer o dia naquela cidade e que saísse do estado também.
Finalmente o movimento decolaria e o sul do país ainda seria uma nação independente e livre das influências corruptas daquelas raças menores.
Aquela vitória era sua, mas era apenas uma. Precisava ser mais forte ainda e vencer a maior de suas batalhas- aquela irresístivel atração que os homens negros exerciam sobre sua sexualidade...

21 comentários:

At disse...

me lembrou um pouco do neo-nacizmo '-'
mas eu acho que nao entendi muito bem o final, ou entendi '-' e estranhei ele D:

.-.

muit bom :D

Suicida Medroso disse...

curti o texto mano
to seguindo

passa no meu??
http://www.suicidamedroso.blogspot.com/

roberyk disse...

Putz, magnífico final. Desconcertante.

Naya Rangel disse...

Muito nazista ... O texto ficou muito bom! Fiquei com medo desse comandante ...

Abraços!

http://kultura-digital.blogspot.com/

http://kultura-inutil.blogspot.com/

Gabriela disse...

Gostei muito do texto! Seu blog está muito bonito e organizado!
Depois comenta no meu também!
Abraços!

http://britsource.blogspot.com/

Vini e Carol disse...

Nossa, quanta maldade!
Acho que o ódio é um dos poucos sentimentos desprezíveis, pois independente da situação, nada leva um cara a bater com um soco inglês em alguem. (exemplo)

Bacana seu texto.
Abraço.

Leonardo Tadashi Nakasone de Paula disse...

Otimo texto!! Voce abortou um assunto que me deixa muito indignado!!!
Morro de raiva de quem nao sabe aceitar as diferencas, e se julga superior!!
Percebi que voce estava falando do nazismo quando citou o "Mein Kampf", mas a ideia ja era muito similiar...

Adorei a sua forma de escrever, principalmente sobre esse assunto. E adorei pcincipalmente a sua utima frase!!

Abraco!!

Visita o meu tambem!!
http://ensaioseteoriasasavessas.blogspot.com

Anônimo disse...

Texto tri bom e final genial. Esse tipo de comportamento sempre tem uma causa "oculta".

Mônica Costa disse...

Muito bem colocado cada palavra em seu texto! E adorei as figuras tbm! Muito bem selecionadas! Boa sorte no seu livro!

Inté mais vê!

Dilzim disse...

Nossa, que louco. Eu gostei do resultado final! È um pouco confuso e um pouco surpreendente. Parabéns!!

Levi Ventura disse...

Que texto massa, a cada linha ficava mais empolgante.
Gostaria que passasse lá em meu blog pra dar uma olhada em meus textos também.
Faz algum tipo de parceria?
------------------------------------
http://duventublog.blogspot.com/

Levi Ventura

Nando! disse...

Meu Deus..Qto ódio!!!

Mto bom os seus textos!

Janete Rodrigues disse...

Eu achei o final hilário!!!

Hasta,

Janete.

J.Soares disse...

Me dói muito saber que isso se estende a realidade, saber que pessoas se sujeitam a esse tipo de coisa, alienar-se a uma ideologia que já se mostrou falida e errônea.
Texto MUITO BEM escrito!

Vou seguir e voltarei aqui mais vezes.

Se der, dá uma passasda lá... http://planetabandonado.blogspot.com

ursullax3 disse...

adorei o texto, parabéns :D
já estou seguindo.

PauLinha disse...

Me remeteu ao neo-nazismo... Essa foi a sua intenção?

parabens pelo blog, esta expetacular!

Se puder visite o meu

http://euvoustar.blogspot.com

Anônimo disse...

Madame Satã... Freud explica!

Ultraviolet disse...

Entendi perfeitamente seu texto e o final é magnífico!!
Cara, parabéns! Vc foi capaz de abordar os fatos com maestria e ainda caminhar pra um final que justifica perfeitamente as motivações daqueles que alimentam um "ódio burro". Gostei do seu blog, lerei outras postagens.

CAMILA de Araujo disse...

Quando odio, mano O_o

www.teoria-do-playmobil.blogspot.com

KGeo disse...

me lembrou a musica faroeste do caboclo do lergião urbana

palavras ao vento disse...

texto interessante....esta d eparabems....